30 de outubro de 2008

Poesia


Hoje, enquanto caminhava no meu dia, alguém interrompeu a lengalenga dos meus pensamentos e disse-me...
Ah... Afinal és poesia!
Verdadeiramente... do fundo de mim mesma, não sei se gostei da categorização em que me colocaram... Tenho a sensação até, que não gostei nada. Poesia para mim é inconstante, é a maturação de nós mesmos e a imperfeição na beleza das palavras.
Poesia é uma mistura de tudo, do passado, do agora, do errante, do que flutua, da nostalgia, da firmeza... poesia é muito, mas às vezes custa a ser alguma coisa.

Não sei se sou mesmo isto tudo, ou isto quase desfigurado de tudo... sei que sou eu... ou melhor... tento ser igual a mim na minha própria narrativa que, em alguns momentos muito bons, vou pincelando de poesia.
Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado,
pertence ao mundo e a toda a gente.
Bernardo Soares

28 de outubro de 2008

Salto... parte 2

O baloiço ficou vazio. Ana saltou mas o baloiço continuou a baloiçar... foi baloiçando até o ritmo abrandar, diminuir... até desaparecer por completo. Ficou mesmo vazio... um vazio de mão dada com o silêncio... só o vento o fazia novamente baloiçar, o fazia novamente rodopiar, de um modo tão mudo que a imagem magoava.
Os passos de Ana arrastavam-se no meio da poeira no chão, fechando para trás o baloiço, acelarando o compasso para o depois, para o agora.
Mas, o portão do parque voltou a chiar ao ser aberto, por ele passou e entrou Sofia, roçando ombro a ombro com Ana, quase a fazendo cair. Aproximou-se e sentou-se no banco do baloiço verde, imóvel. Nada mais lhe importava, a não ser pensar o prazer que o baloiço lhe devolvia ao lhe dar aquela firme sensação no estômago. Nesses instantes... em que o baloiço voava bem alto e se cruzava com o horizonte azul do céu, apetecia-lhe saltar, apetecia-lhe experimentar saltar, mas as mãos humedeciam-se e a vontade dava lugar a uma aterragem segura e calma a cada retomar da normalidade. Sofia nunca rodopiou no baloiço, limitou-se a experimentar sem nunca baloiçar... para a frente, para trás... para a frente, para trás...

27 de outubro de 2008

Salto... parte 1

O baloiço era verde, macio ao toque mas rudemente recortado pelo tempo. Intercalando com o verde a madeira brotava mostrando toda a sua natureza, todos os seus sulcos que se contorciam e se aproximavam naquele baloiço verde.
Ana sentou-se e agarrou nos ferros que faziam o baloiço bailoçar e sentio o frio e a ferrugem nos dedos... sentio o cheiro amargo do ferro, o cheiro próximo da saudade.
Baloiçou, para a frente, para trás... foi ganhando cada vez mais confiança... foi baloiçando cada vez mais alto... mais alto... mais alto... até que saltou... num impulso, sem receios, com imensa vontade, Ana saltou.

21 de outubro de 2008

Rodopiando

Hoje... despi-me de mim mesma... e rodopio

20 de outubro de 2008

Amo


Amo a forma como me amas... como cuidas de mim e me pedes numa forma que só nós conhecemos a cumplicidade de um toque.

Amo.

Detesto a tentativa de enaltecer o que tu sentes... gosto só de o sentir... de fechar os olhos e perceber a suavidade das tuas palavras que se cruzam com as minhas numa sinfonia única do nosso diálogo. Provas são desnecessárias, quero é sentir, sentir cada vez mais toda a imensidão de nós mesmos, da rugosidade da nossa relação, daquilo que nos separa. Faz-me sentir tudo isso...

Tentas...

Tentas quando pegas em mim ao colo e me deitas na cama, quando adormeces a meu lado tranquilamente ou quando, de mão dada, vamos à praia. Tentas... é nesse preciso instante... na mistura das tuas tentativas que te Amo...


18 de outubro de 2008

Bolinhas de sabão


Amizades são bolas de sabão coloridas, enormes, que pairam e baloiçam no ar. São lindas! São tão bonitas e redondinhas que apetece apanhar, guardar no bolso e ter sempre por perto. As cores hipnotizam-nos na sua imensidão do vazio aparente, do vazio preenchido pelos momentos em que ficamos a olhar para elas, mirando-as e querendo-as só para nós.

Sim, pois as bolinhas de sabão não se podem partilhar... só guardar para nós... para os momentos em que falamos baixinho e ninguém nos parece ouvir. A bolinha ouve... estremece na vibração do que somos e do que queremos... vibra connosco na nossa cor preferida, para sempre, todo o sempre.

Hum... é tão bom vê-la rodopiar na imensidão do que paira à nossa volta, num sopro intenso.

15 de outubro de 2008

Palavras



-As palavras não são tudo... são impecilhos mentais das acções. Gosto é de acções... faço o que quero e sinto o que faço. É simples... é só isto! Por que raio gostas tu tanto de palavras? Elas morrem mal acabam de ser ditas! São como textos escritos a lápis, apagam-se logo com a primeira chuva.




-Gosto e pronto! Ou melhor... acho que não gosto... gosto é de tê-las, de me afeiçoar a elas e torná-las minhas... mesmo que não sejam. Tornam-se memórias nos dias de chuva que as apagou.


Tens de deixá-las fugir... vá, experimenta soltá-las... deixa-as ir de encontro a quem as quer... a quem as quer possuir...




-Não posso, são minhas... gosto de as ter por perto a alimentar o presente.




- Torna-as então o presente das emoções. Torna-as eternas e partilha-as. Senão nunca ninguém sabe o que acontece em ti.




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Aprendi tanta coisa...
Com a música aprendo todos os dias momentos importantes. Guardo-os em gavetinhas encaixadinhas no meu Ser e deixo-os lá ficar. De vez enquando explodem a ouvir melodias, fazendo com que a vibração, de forma extraordinária, deixe sair o que eu, cuidadosamente, guardei nas minhas gavetinhas. Há momentos que magoa muito... dói no peito uma dor que não consigo guardar... mas tento...

Morangos


O ácido do doce é magnífico numa seia muito tarde... mas tem de ser mesmo muito tarde e ao som do crepitar do lume numa lareira.

Gosto de morangos... sempre gostei. Gosto deles quando o perfume me envolve na cobertura do meu corpo achocolatado. Sim, porque também sou doce.

Não partilho morangos, devolvo é a partilha dos momentos em que os saboreio, isso sim, é importante. Isso torna o seu sabor ainda mais frutado ao cheiro. Sim, porque também gosto de cheiros. Gosto de quando eles se mesclam numa miscelândia de sabores. E é mesmo bom provar tudo isso.

13 de outubro de 2008

Fazes-me falta

Quando é que começas a fazer-me falta?
Quando, de mansinho, começas a sair da minha vida e a deixar de passear em mim. Sinto, imediatamente nesse instante, a tua falta.
Fazes-me falta quando já não te sinto no nosso mundo. Fechas as portas e deixas o vento entrar e ondular o verde dos pinheiros. Arrepio-me.
Sim, há dias que fazes-me falta.

12 de outubro de 2008

Chove



Porque hoje está a chover

Mãe


Os teus olhos redondos, de pestanas encaracoladas e longas sorriem para mim, buscando mimo. Fechas os olhos e sobre o meu peito deixas repousar a cabeça quentinha e nua que eu tanto gosto de cheirar e fazer festinhas.

Aconchegas o teu corpo aninhado no meu à medida que te vais deixando embalar pela minha respiração de protecção e conforto. Sobes e desces... devagarinho.

Adormeces e partilhas comigo o teu mundo de sonhos... de ti para mim... obrigada

10 de outubro de 2008

É bom


E nós?


Nós é bom!


Sério... e nós?


Nós... hum... somos sentimentos partilhados... momentos de desejo e saudades, imensas saudades. Vontade de estar perto e de ter de esperar pelo instante... é bom... nós é bom.


Só bom? Isso é pouco.


Do pouco se faz o presente, presente de mim para ti, para nós. Gosto assim, quando nesses momentos te deitas no meu peito e te afago os cabelos enquanto as tuas mãos me tocam. Anseio e esperar é bom... Sim, nós é bom.

9 de outubro de 2008

Paris

Sinto Paris no peito...
Aperta-me a alma à medida que me deixo cambalear pelo frio que trespassa o casaco e me faz aconchegar o cachecol junto ao pescoço.
Deixo a melodia do acordeão enaltecer cada um dos episódios ali vividos, cada rua que atravessei, cada autocarro nos quais entrei para dar uma volta na imensidão da cidade.
Fiz-me feliz no quente de cada café e no degustar intenso do aroma achocolatado de Le Marais.

Inspiro profundamente, como ainda é doce e intenso... como ainda é bom.

Continua por perto... afagando-me os sentidos de memórias.

Castanhas


Hoje apeteceu-me castanhas... Apeteceu-me senti-las na mão, senti-las quentes... a queimar.

Apeteceu-me partilhar um cartucho de castanhas contigo, comer uma a uma a meias traçando a memória a dois.

Apeteceu-me andar de mão dada pelo Chiado à medida que as cascas das castanhas, teimosamente, caem no chão e as mãos se vão sujando cada vez que se enterram no cartucho de sabor.


Apeteceu-me...


8 de outubro de 2008

Hold Still

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Porque continuo à tua espera sempre o nosso olhar se cruza, sempre que sinto a tua mão puxar-me de encontro ao teu peito e sempre que baixinho me dizes palavras que me fazem bem.

Lua



O som do piano trespassou o silêncio da conversa deles. Miguel bateu com a porta e o quarto ficou muito escuro, com as janelas de cortinados berrantes fechadas para a vida.

A vibração de cada nota inundava o monólogo na cabeça de Luisa. A noite teimava em cair, fechando de negro ainda mais o quarto. A lua cortada enchia, por uma friesta o canto de vida de Luisa, abrindo a conversa para uma nova vontade. Vontade de despertar o que nunca dormiu, o que nunca deixou de sentir, o que sempre quis partilhar com ele, com Miguel. Tenta fazê-lo todos os dias... partilhar a negritude daquele quarto vazio, onde a lua teima em espreitar, onde a lua faz-se presente no momento do vazio.


Consegue, enfim, superar-se, e a lua, iluminar, vibrante o seu mundo.

7 de outubro de 2008

Chove


Hoje chove em mim... as gotas de àguas refletem cada uma das formas das minhas palavras.

As nuvens parecem fundirem-se na minha vontade, trazendo de volta a minha intermitência.


Hoje pensei em mim... resolvi o meu próprio puzzle mental do que gosto, do que é querer, trazendo à memória a minha própria verdade.


Hoje aproximei-me de mim... e, em bicos de pé equilibrei-me ao teu encontro e comecei a sentir.

6 de outubro de 2008

Só Tu


Ontem conseguiste abraçar-me com força. Senti os teus braços à volta do meu corpo, a fragilidade com a qual me aninhei a ti... gostei tanto. Não conheço o teu cheiro, posso imaginar, mas não o conheço. Imagino. Falaste-me baixinho, ontem.


(...)


Talvez o ontem e o amanhã se voltem a fundir... como a água e o sol no fundo iluminado de um rio, que te mostra o seu fundo de pedras multicolores... eu sou como esse fundo... pedras brancas, outras negras... mergulha em mim...


(...)


Sim, mergulho... deixa-me mergulhar bem fundo. Sentir os contornos da água... mergulhar, emergir e respirar... mergulhar... emergir... expirar..................

5 de outubro de 2008

toque


Mafalda sobe as escadas em total silêncio. O som de cada uma das notas permanece na pauta da sua memória. Parece vibrar num rodopio sem fim... sim... sem fim de tanto sentir falta.

Pensa em si, apenas em si... a falta continua a invadi-la agora de forma cada vez mais angustiante, fazendo-a parar, encostar as costas à parede gelada com pequenos relevos e deixar-se escorregar até ficar sentada... deixando-se sentir.

4 de outubro de 2008

Dream On Girl-RIta Redshoes

Dream on girl, dream on girl
I want to see you sleep tonight
You're up and down
You hit the ground
And time is drifting through your fears
I can't find your dreams tonight
And make your lover come back home
If you don't know, you are on your own
I'll choose the best place for your sleep
Come back to see the day
You lost your heart and all your hopes
I'll take you to see the sunrise
And try to catch your ghost, oh
Come on girl, a dream is your world
The signs you see are in your mind
The words that you speak, are here in my ear
So I can hear you falling down
Take a breath to see me
I can wait for you to
Live a live with no hopes but
If you still believe
Come back to see the day
You lost your heart and all your hopes
I'll take you to see the sunrise
And try to catch your ghost, oh

(...) porque me leva até ti.

A dois

Gostar de ti é gostar de um querer, gostar de uma ansiedade que me invade diáriamente. Dificil conter, mas fácil de manter fechado, inerte à tua presente e chamamento.
E tu... gostas de mim como? Como do mar, da brisa que bate na cara ou do vento que flutua no cabelo?

(...)

Não...
Gosto de ti como a terra, que acolhe a chuva, que liberta cheiro e dá frutos, como o sal que tempera a vida e como o mar que invade a areia. Gosto de ti como um corpo celeste, que me leva pela mão ao canto final do universo e me mostra para além dele a presença do infinito, gosto de ti como se gosta de gostar de tudo o que é grande, como se gosta de gostar o gosto dos lábios num 1º beijo... gosto de ti e pronto. Gosto...


(...)

Eu gosto ainda mais agora, quando o gosto do 1º beijo se provou por entre as dentadas do sabor.

3 de outubro de 2008

Vento




A aventura percorre-me o cabelo. Gosto de sentir o passado por entre os caracóis e deliciar-me com tudo o que a memória me presenteia.



Os solavancos fazem o meu corpo permanecer inerte de encontro à perfeição do que é sentir. Sentir! Sim, sentir.



A velocidade trespassa a alavanca do gostar, do quero muito, muito, muito... como quem anda de mota e não cai, como quem saboreia chocolate e pede mais. Sim, mais e com mais vontade.



Vontade de experimentar o que era uma certeza, uma verdade diária, que trespassa novamente os meus caracóis de adrenalina.



Os solavancos continuam a distanciar-me do mundo e o pó torna-se essência na corrida pela corrida do momento.



A paz é ganha, mas a vontade, vontade do antes, parece imensa. É enorme.

2 de outubro de 2008

Beijos Azuis

Pedro gosta de beijos azuis no desassossego da noite. Espreita pelo lençol cada vez que o abandono encaixa em si, à noite, perante o aconchego de uma cama acabada de fazer.
As torradas fazem-lhe bem. A cada dentada consegue saborear os momentos que as envolvem, que as barram no mais frutado doce. Sim, porque de doces gosta ele... Beijas tão bem, sabes a... hum... marmelada. E que bom é cada dentada de prazer.

1 de outubro de 2008

Ficar Quietinho



Às vezes apetece-me ficar quietinha à espera que venhas ter comigo. Tenho a certeza que os nossos olhares seriam únicos e a aproximação do nosso magnetismo seria extraordinário.

Apetece-me esperar... esperar que os nossos caminhos se cruzem e que tudo seja perfeito, dentro do que a imperfeição tem de gostoso... sim... porque é mesmo bom quando se sente o gosto da geleia de morango a cair na língua perante a partilha do momento contigo.

Hum... anseio a imperfeição do momento... o nervosismo de roçar a simpatia e a primeira conversa que conseguimos falar... Aprendi contigo, sim, contigo... a falar baixinho... por entre os teus caracóis as palavras foram-se articulando ganhando a forma da paixão. Falo desde ai, baixinho... todos os dias... só para ti, para nós. Sempre.