31 de julho de 2009

Shiuuuu

Gosto de me deitar nua numa cama com lençóis lavados... sentir a calma do tecido, o aconchego dos adores e encostar-me ao teu quente, ao meu lado, ouvindo música baixinho.

29 de julho de 2009

Chá

Fui ferver água e deitei numa caneca.
Enchi.
Mergulhei a saqueta do chá.
Deixei repousar.
Aqueceu-me as mãos.
Apertei ainda com mais força.
Levei à boca e bebi.
Refrescou-me.
Partilhei bolachas, momentos, conversas...
A amizade ferveu como a água e era tão bom sentir-me quente...

descalça


Hoje descalcei-me e fui ouvir o barulho da água. Cheirava a flores, cheirava a terra, cheirava ao vento que me batia na cara e se mesclava com o meu cabelo, perfumando-o de notas do campo.


Estiquei o corpo e abracei a luz... pequeninos pontos que flutuavam entre as folhas verdes das enormes árvores por cima de tudo o que era possível eu ver.


Fundi-me no chão, voltei a alongar-me e senti o corpo a interiorizar-se e a fazer parte dos sons, do ar, de si mesmo... há muito tempo que ele não se devolvia e envolvia nestas posturas de permanência. Deliciei-me no doce da respiração... foi bom....

27 de julho de 2009

Neva


Hoje nevou em Lisboa.


Em cada rua fazia frio e fechei ainda mais o corpo. Fui descendo a rua da misericórdia e sentei-me num banco branco, no miradouro. Sentei-me perto de mim e deixei-me lá ficar, enquanto tentava aquecer as mãos uma contra a outra. O tempo parecia ter parado, só as pessoas atrás de mim se mexiam, desnorteadas e paralelas.

Fixei o olhar no castelo. Não o vi. Pareceu-me longe, longe de Lisboa, longe da neve que a cobria. Voltei a descer, voltei a levantar-me do meu banco. Não deslizava, parecia que flutuva naquela brancura no chão, era fofo, aconchegante. Apetecia continuar a andar, continuar a caminhar por entre toda aquela maciez. E continuei.


Passei por cheiros de sabores e deliciei-me admirada com a dança do frio e do cheiro, soberba, enebriante... dançaram comigo... mais uma vez, deixei-me envolver... pelo frio que sentia, e que o casaco teimava em não cessar, pelo esplendor do branco e pela calma em mim mesma.


É bom quando a natureza nos sussurra.


21 de julho de 2009

Baú

Gosto de baús... sou egoista e não gosto de partilhá-los. Tenho muitos.

Ficam quase sempre fechados, num canto do quarto, acumulando poeira por cima, à volta, por baixo, em todo o lado.


Num deles, a tinta parece que salta dos desenhos que construíu e, das poucas vezes que é aberto, as dobradiças fazem barulho. Estão velhas, usadas, antigas e gastas. Paciência.

Gosto de trazer de lá de dentro emoções das quais já não me lembrava, coisas perdidas e esquecidas, mas que sabem bem manter pertinho, para que as saudades não me deixem.

Acho que hoje vou abri-lo. Apetece-me sentir saudades.

20 de julho de 2009

Will You Let Me Romanticize?

Deixas-me romantizar as tonalidades desta espera absurda, sempre que o vento não escorre pelos meus braços?

Tens um gosto bom, sabes ao cheiro que sinto quando afundo o meu rosto no teu pescoço e agarro os teus caracóis fechando a mão. O cabelo é suave e escorrega nos dedos... foge...

Apetece então, romantizar mais um pouco... mais uma espera, mais alguém que se levanta... mais palavras flutuam como tentativas falhadas da realidade.

Gosto de pensar que romantizas comigo, aí desse lado... que me ouves em cada um dos meus pensamentos. Sopra vontades, tolera fraquezas e decisões. Muda de tom, de página, de momento e recomeça, novamente... romantizando...

15 de julho de 2009

fotografia?


fotografa-me...


faz de mim o teu melhor ângulo e dispara... dispara... dispara...


fragmentos de imagens consolidadas num ensejo, numa divergência de olhar... num instante de um momento arrefecido com a máquina... dispara... cobre em mim a tua vontade, a tua perspicácia e mecaniza-me no papel... num papel brilhante, envolto nesta dança de sintonia... nesta melodia do disparo... clic... já está?

10 de julho de 2009

Cantinho de mim


Neste cantinho de mim... sou despida... sou mulher.


Princesa das estrelas que adora malas grande, onde o mundo todo termina e cabe.


Sou mulher sem todas as amarras e levezas que devora pedaços de fruta e deixa o sumo morno escorrer pela abertura da camisa e contornar o peito. Mulher que gosta do cheiro maduro da polpa e explora e cospe cada um dos caroços que se mistura com a saliva.


Saliva que se troca em cada beijo dado, cada vez que as mãos apertam o corpo e a vontade corrói a carne.


Acumulei muito de mim...

9 de julho de 2009

festinhas de gato


Bolinha quente que se aninha no colo e faz cafofo de alma e aconchego de corpo.

1 pata, 2 patas, 3 patas, 1 corpo inteiro que estaciona e devolve momentos de solidão - conversas restritas a um monólogo partilhado num ronronar equilibrado de toque.

Toque no pêlo, na cabeça, nas bochechas, no corpo inteiro, percorrendo até ao fim da espessa cauda, num misto inesquecível.

São tardes inteiras, onde o queixo se deixa repousar e os olhos, semi-cerrados, vislumbram a a união a dois.

Unhas que se cravam a cada passagem de prazer, a cada turra gulosa.

Aquece-me...

Vibra...

6 de julho de 2009

enrolar cabelo nos teus dedos


dedos que se enrolam em fios unidos de vontades e caem sobre as costas de forma desordenada, desgrenhada e plena.
é bom sentir cada vez que puxas o meu cabelo, ao enrolar madeixas no teu dedo... tocas ao de leve e eu sinto-o num todo.
não pares, é muito bom...

caracóis e porções com cheiro a framboesa, que terminam no teu toque.

1 de julho de 2009

ilha d´água



porque as ilhas de areia continuam a ser feitas quando o mar envolve a permanência... o medo continua a ser real.

Pega em mim ao colo