Queria resumir à insignificância as letras apalavradas que me deram a ler. Queria tanto! Mas os diálogos construídos na inocência da exaltação martelam incessantemente em mim, mantendo-me dispersa e acordada de toda a calma que podia não ter lido.
Merda de palavras que troçam de mim, fogem e escondem-se nos significados mais sexuais. Cada curva, cada contorno que as fazem ser as letras que escrevem palavras ferem-me na forma como se torcem e gemem ao serem desenhadas, ao serem escritas.
Merda de diálogos que são arrepios para a pele de quem escreve, angústias estomacais de quem lê e não percebe quase nada, mas as palavras parecem que dançam nas frases e se conjugam na hostilidade de quererem transmitir mais do que significados, querem transmitir pecados, sussurros, toques aliados à penetração do quente e à intensidade do desejo.
Merda para tudo aquilo que se lê e se constrói à medida que os olhos vão ficando cansados e entregues à melodia que as palavras querem cantar, sem nunca terem ensaiado antes. Que se lixe a gentileza, que se lixe a pele de galinha, quero deixar de ser capaz de ler entre as entrelinhas, quero que apenas exista espaçamentos simples, lineares, onde o sexo entre as letras seja bem mais do que a penetração do desenho no momento. Quero que esses desenhos e recortes de tudo o que me têm para me dizer me encostem à parede, me deixem sem ar e me obriguem a respirar de um só trago a vivência do momento. Sem doçura - pois de perfeição estou farta - mas de imediato, de entrega, despida do peso do ontem e de ditados extensos.
Beija-me de palavras... faz-me um texto... lê-mo e cansa-me nele.