Sobe, desce, sobe, os músculos cansam-se, o corpo arrasta-se, os livros formam pilhas de assuntos, torres de momentos e compras de impulso.
Desce, sobe, desce, vira o CD na aparelhagem, tira e volta a pôr e a música toca noutra musicalidade.
Limpa, arruma, limpa e o chão brilha à passagem da sola fofa do pé, dedos que se arrastam no chão de verniz de tábuas corridas fortes e lassas. Cheira ao cheiro dos sonhos que a arrumação não tolera e as portas batem nos quartos vazios de gente e cheios de futuro, de sonhos dos outros, de pés que vão entrar e arrastar-se nas tábuas corridas do corredor, calcanhares que carregam no chão, deixando moldes recortados por presenças de carne.
Fecha a porta devagarinho... shiu... deixa o cotão adormecer no canto e a corrente de ar encolher-se na fresta da porta... deixa a vassoura empurrar a vontade de encontra os móveis, varre, alisa, varre, enxuga...
Mais uma volta no corredor auto-estrada, onde as linhas rectas da madeira, são os carris que aceleram o movimento do corpo.
Estende, bate, estende, coloca as molas pálidas com as pontas do dedo nas peças que pingam água, que pingam cor para o sol.
Fecha a varanda, fecha a porta, abre a rua. Vem. Shiu, a lua fica a tomar conta da casa.
2 de agosto de 2010
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