8 de outubro de 2008

Lua



O som do piano trespassou o silêncio da conversa deles. Miguel bateu com a porta e o quarto ficou muito escuro, com as janelas de cortinados berrantes fechadas para a vida.

A vibração de cada nota inundava o monólogo na cabeça de Luisa. A noite teimava em cair, fechando de negro ainda mais o quarto. A lua cortada enchia, por uma friesta o canto de vida de Luisa, abrindo a conversa para uma nova vontade. Vontade de despertar o que nunca dormiu, o que nunca deixou de sentir, o que sempre quis partilhar com ele, com Miguel. Tenta fazê-lo todos os dias... partilhar a negritude daquele quarto vazio, onde a lua teima em espreitar, onde a lua faz-se presente no momento do vazio.


Consegue, enfim, superar-se, e a lua, iluminar, vibrante o seu mundo.