O baloiço ficou vazio. Ana saltou mas o baloiço continuou a baloiçar... foi baloiçando até o ritmo abrandar, diminuir... até desaparecer por completo. Ficou mesmo vazio... um vazio de mão dada com o silêncio... só o vento o fazia novamente baloiçar, o fazia novamente rodopiar, de um modo tão mudo que a imagem magoava.
Os passos de Ana arrastavam-se no meio da poeira no chão, fechando para trás o baloiço, acelarando o compasso para o depois, para o agora.
Mas, o portão do parque voltou a chiar ao ser aberto, por ele passou e entrou Sofia, roçando ombro a ombro com Ana, quase a fazendo cair. Aproximou-se e sentou-se no banco do baloiço verde, imóvel. Nada mais lhe importava, a não ser pensar o prazer que o baloiço lhe devolvia ao lhe dar aquela firme sensação no estômago. Nesses instantes... em que o baloiço voava bem alto e se cruzava com o horizonte azul do céu, apetecia-lhe saltar, apetecia-lhe experimentar saltar, mas as mãos humedeciam-se e a vontade dava lugar a uma aterragem segura e calma a cada retomar da normalidade. Sofia nunca rodopiou no baloiço, limitou-se a experimentar sem nunca baloiçar... para a frente, para trás... para a frente, para trás...