10 de novembro de 2008

Papel Brilhante

1. Porque foges tu por entre a minha essência, em cada momento do nosso olhar. Foges-me de mansinho, num turbilhão de decisão que me deixa espantada e difusa no meio da tua imensidão. Imensidão de mim mesma, abeirada de ti. Porquê desta prisão de sentimentos, de gritos mudos no ar, por entre a neblina do nosso caminho? Porquê?Deixo escapar baixinho... gemidos de confronto, de prendas passadas que devolvo a cada um que passa em mim, na minha vida. Dei-te uma prenda, embrulhada em papel brilhante e silêncioso que tu teimas em não abrir... não sei porquê.
2. Quero ouvir esses gemidos dos confrontos, notas soltas dos teus desencontros, saber quem és e porque és, perceber a tua lógica, sentir a tua angustia, saber dos teus traumas, karmas e defesas, confusões e percepções, entrar nos teus sentidos e rasgar essa prenda de papel brilhante...quero sentir a seiva do teu tronco, ideia, verde e folhas, folhas e seiva, terra e beijos, agua quente e perfumes do corpo, entendes-me? A caruma nos teus cabelos e os meus dedos nas tuas coxas, dentes pele e suor, entendes-me? Não te quero em papel brilhante e silêncioso, quero-te Nua, entendes-me? Crua, entendes-me? Quero-te abrir, sim... toda...
3. Abre sim... mas com suavidade e palavras bonitas em tom de segredos ditos ao ouvido. Abre-me ao arrepiar-me ao teu toque... à tua voz perante os meus sentidos. Deixa-me flutuar... flutuar em nós.