28 de setembro de 2009

Al caxete

José Luis das Neves Mendes


O vento vai batento na pele, em chapadas de frio que entorpecem, e o reflexo do sol incide sobre o copo meio cheio de água, inclinado sobre a mesa apoiada na irregularidade das pedras da calçada.


Grasnam, lá ao fundo, penas voadoras, brisas que serpenteiam a superfície do rio e o acastanhado das ondas. Batem cada uma delas nas pedras da margem, enamoram-se delas e visitam-nas a cada oito horas - a saudade é usurpadora, quando a paixão teima em fugir.


A ponte emerge, qual senhora permanente das águas e os barcos fazem-lhe a corte, ancorados junto ao cais da igreja. Igreja que badala a cada união, tornando as ruas flores e gritando bem alto até às salinas.


Volta a haver sal, a água vai secando e os flamingos cor-de-rosa mudam de poiso.