Sabes aquelas igrejas enormes, que ecoam por todos os seus recantos e emitem estalares em cada passo que dás, sem saberes bem de onde provém esse som? Pois bem, um dia destes, entrei numa igreja dessas.
Os meus saltos altos ressoaram "pocs-pocs" no chão marmoreado, que devem ter incomodado quem queria parar para conversar em silêncio, mas não conseguia. Eram barulhos secos mas altos, tal como a distância dos meus passos, que me levaram para um daqueles bancos longos, corridos, com cheiro a cedro. Sentei-me... teimei em manter as pernas cruzadas, inocentemente uma junto à outra enquanto a cabeça tombava ligeiramente para trás elevando o meu queixo ao alto... tornei-me altiva. Fechei os olhos e quis também conversar. Tudo olhava para mim, com aqueles olhos vazios de muito, adorados por velas de som fingido a crepitar aos seus pés.
Mantive-me imóvel enquanto nas minhas costas o som ondulante e metálico das moedas mergulhavam na caixa.
Oremos então.