18 de março de 2010

Temos passagens velozes em paragens obrigatórias, onde as luzes não apagam a estrada, mas também não iluminam o caminho, tornam-no fantasma numa penumbra doida de ruídos.
Passam carros, passam pessoas dentro dos carros, e a cancela baixa-se numa destreza de interrupção voluntária atroz e autoritária, ditando os sorrisos imediatos daquele não-lugar.
A janela da separação, fria, embaciada, abre-se sem direito a cumprimento. Não hoje. Hoje a vontade ficou encostada lá dentro, no quente da portagem iluminada pelas vozes da televisão do contentamento entre horas.
Passam os carros, passam as pessoas dentro dos carros, fogem em direcção à viagem e a imobilidade da transacção, do gelo que atinge a mão fora de portas, corta o afago da comunicação. Só hoje. Amanhã haverá nova passagem. Nova cancela a permitir passagem. Uma nova viagem pela frente.