E a barriga, pálida e mole continua encostada ao fogão. Agitam-se as mãos no enrolado de massa vestida pelo tilintar das colheres. Formam-se... ajeitam-se... deitam-se no azeite quente do amarelo e rebolam-se agitados, a escaldar.
E o avental continua sujo, amachucado de encontro ora ao balcão, ora ao fogão. A boca resmunga frases soltas de desprazer, marteladas pelo cheiro a fritos, que se inebria no cabelo e se acomoda por debaixo da pele de tal maneira que, por muito sabão onde a pele escorregue, o cheiro casou, faz parte, enamorou-se da dona dos pastéis de avental.
A campainha toca. Os pastéis deixam de navegar no quente. Repousam no papel. A mão é limpa à pressa no avental e a boca grita "Já vai". E foi. A porta abre-se. A encomenda quente, de cheiros, de sabor, de pastéis, é entregue, é trocada por um alívio de esta já está. A porta bate. Volta a ouvir-se a batida das colheres na tigela. Há mais pastéis a mergulharem.