30 de julho de 2010

O livro cheio de pó é fechado apenas com uma mão. Solta-se esperança.

As letras zangam-se com as palavras e as palavras apertam-se nas frases, mas o texto permanece lido, na perfeição dos recortes das páginas amarelas, rugosas de cheiro antigo e nódoas que transmitem solidez, solidão, sensatez.


Curva-se entre os outros na estante e sacode-se, ganha o seu lugar de destaque, o destaque de quem acabou de ser lido, de quem acabou de fazer dançar a imaginação no texto, na amálgama de letras que trespassam os contos.


Hoje sou também assim. Estou também assim. Um livro arrumadinho no espaço da estante, nos espaçamentos das entrelinhas e nas translineações mal amanhadas.
Amanhã serei uma enciclopédia, onde a informação é tanta que me deixo de perder para achar a possibilidade de me ler.


foto: ana machado