Há uma loja diferente que é igual por fora, mas recheada de cores e formas.
Abre às 9horas. Quando o sol se atrasa, abre 5 minutos mais tarde, nunca mais do que isto. As portas ficam escancaradas e a luz penetra em todas as loiças e brilhos. O primeiro a chegar, cuidadosamente, transporta para fora de portas as cores berrantes, florescentes e chamativas dos baldes de plásticos e alguidares. Os guarda-chuvas ficam ponteados à porta, espetados num balde e rotulados a 3 euros. 3 euros escritos a marcador vermelho, grosso e bem visível, que atrai em dias de chuva quem passa desprotegido.
Pouco a pouco, pouco tempo depois das 9, já o recheio transborda para o exterior. Na porta, cabides penduram camisolas, camisas, fatos e licras, convenientes a qualquer bolso. Sim a qualquer bolso. Falta apenas tempo para parar e ficar inebriado pela algazarra de texturas e brilhos. Pouco depois das 9, o meu autocarro arranca, o semáforo abre e sigo viagem. Amanhã passo lá de certeza.
27 de janeiro de 2010
dia diferente
Hoje pode ser um dia diferente. Pode. Mas não sei se vai ser.
Continua a fazer frio e a chuva parou.
Os autocarros continuam a demorar a passar e os peões atravessam sem esperar a sua vez.
As pessoas cruzam-se na rua, tocam-se e continuam a não se conhecerem.
O domingo demora muito a chegar e a quarta-feira é agonizante.
As cartas de amor aparecem sobre a forma de mensagem e os selos custam a ser comprados.
Se hoje o dia não for diferente, amanhã poderá então chover e deixar de fazer frio... vamos ver.
Continua a fazer frio e a chuva parou.
Os autocarros continuam a demorar a passar e os peões atravessam sem esperar a sua vez.
As pessoas cruzam-se na rua, tocam-se e continuam a não se conhecerem.
O domingo demora muito a chegar e a quarta-feira é agonizante.
As cartas de amor aparecem sobre a forma de mensagem e os selos custam a ser comprados.
Se hoje o dia não for diferente, amanhã poderá então chover e deixar de fazer frio... vamos ver.
25 de janeiro de 2010
Paciência
Estou sem paciência...
O cabelo escorrega-me pelas costas, e não me apetece domá-lo e prendê-lo ao alto, seria aborrecido... apetece-me antes que as pontas, se rebelem um despenteado perspicaz de quem é único e não gosta de ficar aprisionado e apertado a mirar quem passa. Apetece-me... mas a impaciência faz-me juntar por diversas vezes toda a cabeleira numa espiral condensada espumando o cheiro a cabelo lavado e a champô. Cheira bem... inspiro... é-me devolvida um pouco da paciência perdida, mas agora até o peso da franja revolta parece combater com as minhas luas castanhas que vêem.
Entranço-o... deixo-me ficar. Volto à minha vida.
20 de janeiro de 2010
Estou, estou?!, mas do outro lado a voz permanece muda, sem expressão. É solto um Não posso atender agora e volta a clareza do não som. Fica, a partir do nada a certeza do absoluto da união, da frieza das mãos que tocam e da distância que não é percorrida.
Sim, porque sentir saudades é tremer quando o telefone toca e abrir um e-mail com sede de ler todas as palavras, mesmo as que não conseguimos medir.
No final, quando no palco as luzes se apagam, qualquer coisa sem nome fica a morar lá, nas vozes que não falam.
12 de janeiro de 2010
Histórias de Cama
Há histórias de cama que pulam lençóis e travam guerras de almofadas, quando os cochichos fazem mais sentido do que conversas e diálogos extensos, que enfadam o amante.
São histórias de desenhos no corpo, sinais mudos de trocas não controladas e dispersões imersas no quente. Histórias que nunca são contadas, são partilhadas, vividas e compensadas no momento com um sorriso, uma gargalhada bem alta e extensa que promete, de imediato, outra história.
Apetecem histórias.
Conta.
São histórias de desenhos no corpo, sinais mudos de trocas não controladas e dispersões imersas no quente. Histórias que nunca são contadas, são partilhadas, vividas e compensadas no momento com um sorriso, uma gargalhada bem alta e extensa que promete, de imediato, outra história.
Apetecem histórias.
Conta.
6 de janeiro de 2010
4 de janeiro de 2010
Continuo à espera que apareçam hipopótamos
Há aqueles lugares que a nossa mente tende a deslocar quer de sentidos, emoções e mesmo de zonas. Parece que viajam estrada fora, estacionam à janela da nossa visão e instalam-se num "para sempre" lá de baixo.
Este é um local assim...
Continuo à espera que apareçam hipopótamos, crocodilos e quem sabe, até dinossauros por entre aquelas canas pachorrentas e esvoaçantes da lagoa... apetece-me esperar e ficar para descobrir que, no meio de tudo aquilo que não consigo ver, os hipopótamos talvez andem por lá, escondidos, a dormitar, comer, deambular e quem sabe, aparecerem para mim, só para mim.
Há-de chegar o momento em que a viagem da espera termina, em que os hipopótamos irão instalar-se numa outra paisagem por baixo de uma outra janela e eu fico sem saber se eles existiam ou não.
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