Pede-se mais uma bica.
O sol continuar a mergulhar na pele e de forma gutural na carne e o barulho da loiça, adormecida e espremida uma na outra, estorva o lugar da audição de outros barulhos nefastos da rua.
Pombos recortam o ar, presos em cada sobressalto do voo e mergulham na plenitude do vazio, brilhando a asa no brilhante da luz.
Os olhos fecham-se, cansados. O corpo vai ficando, em parceria com a troca contínua da clientela à volta.
Mais uma bica... e um bolo de arroz, sff
Bolo depenicado, comido entre goles açucarados de café de gosto doce.
Limpa-se a boca, pousa-se o guardanapo. Não há barulho. Continua o sol lá ao alto.
Meias de leite subvertidas flutuam à volta da mesa, vertendo o líquido que se deita no pires.
O ronco borbulhante dos autocarros esventram a calçada recortada pelo ruído. Pessoas entram, pessoas saem. Continua o sol lá ao alto.
Alguém pede a conta.
Continuo com o sol reflectido no corpo, sem vontade de o fechar, apenas abro de vez os olhos. Vejo então barulho.