26 de agosto de 2009
Verão
Há Verões inesquecíveis.
Verões quentes em que o corpo se despe...
Verões em que gelados lambuzam a boca e são partilhados...
Verões onde a areia queima os pés, mas insiste-se em continuar caminho...
Verões em que a maresia enche os pulmões...
Verões com dias de chuva...
Verões onde há música pela noite fora...
Verões em que o comboio é o nosso companheiro...
Verões em que viajamos pelos livros...
Verões em que nada importa... para além de nós...
Este Verão vai acabar, sem ele ficam as lembranças...
23 de agosto de 2009
Entra-me num sonho, por favor
Entra-me hoje num sonho e faz dele o que quiseres. Pinta as estrelas deste meu quarto que vive a chorar na escuridão e devolve-lhe as cores que alegram o meu sorriso.
Hoje, de noite, pela noite a fora, vamos trocar palavras e frases fechando a porta dos nossos sonhos apenas um ao outro.
Entra, não batas, não faças barulho, vem apenas para o meu sonho e fecha-te lá dentro comigo.
19 de agosto de 2009
17 de agosto de 2009
Origami
Sob um céu púrpura, as minhas mãos materializaram deleites para ti... dobrei pedacinhos de papel... envolvi paciência, método e cumplicidade com as cores e padrões. Traduzi a minha essência neste dia em pequenos embrulhos que hoje te levo ao odor de mais um ano, mais uma aventura, mais 365 dias.
Parabéns...
Parabéns a ti...
16 de agosto de 2009
Unir sinais
Enquanto dormia, os teus olhos pousavam vontades no meu corpo. Senti-os desfazerem-me em pedacinhos de vontade, em prazeres de momento.
Unes os meus sinais, mapeando o meu Ser nos teus próprios olhos e descobres o tom da minha pele, as curvas do meu rosto, o desenho dos meus ossos.
Gosto de te sentir aí, a olhar-me... a fazer de mim tua enquanto eu não estou atenta. Rendo-me. Prende-me então à tua imensidão de loucura e vela-me com um beijo frutado só nosso. Só teu.
15 de agosto de 2009
12 de agosto de 2009
Bolas de Berlim
Calcei os chinelos e naquele flip-flop abandalhado saí porta fora.
O quente abrazava-me o corpo, de forma a que sentia o calor ocre a queimar-me os braços, o pescoço, as costas.
Molhei o corpo de sal, que me sabia a refresco e deixei-me envolver pela espuma venusiana que me chegava aos pés.
Sentei-me. Fiquei à espera de um qualquer toque leve, que me chamasse de volta. Ninguém me tocou. Fiquei lá.
Olh´a bola de berlim... com creme, sem creme...
Olh´a batata frita...
Apetece trincar aquele conforto do bolo e lambuzar a boca de açucar à medida que os torrões se desfazem entre cada lambidela no creme. Lambuzei-me. Envolvi-me sofregamente naquela textura e deixei todo o meu corpo prová-la.
Anda para aqui, Ricardo Manuel!
Mas o Ricardo Manuel já tinha fugido para a rebeldia das ondas, enquanto o balde vermelho se enchia de areia e água clarinha.
O burburinho foi acalmando, dissipando-se, e eu... eu transpirei, deixando o acastanhado da pele suar de contentamento.
10 de agosto de 2009
Incenso...
Pauzinho de cheiros que deixa cair pó cada vez que é elevado.
Acendo o isqueiro e aproximo-o de ti. Acendo-te. Tornaste-te uma pequena brasa na incandescência do cheiro.
Pousei-te e deixei-te arder. Sumiste-te.
O teu fumo contorceu-se numa dança finita de envolvência sensual que me seduz.
Deixei-me levar, respirando-te. Tiraste-me definitivamente para dançar.
7 de agosto de 2009
Gente
Irene Medeiros
Hoje enterrei-me no meio de gente.
Gente de várias cores no meio de tecidos com texturas berrantes.
Pregões de preços diminutos soavam e ecoavam entre bancas oferecidas a quem as contornava, a quem as tocava e pousava os olhos.
Senti-me perdida. Não me achei. Muito menos me falei. Vagueei.
Terra batida que me empoeirou os dedos dos pés e me fez arrastar o andar, com imensa ânsia de parar, me encostar e revolver. Não o fiz, sou envergonhada.
Os barulhos cruzavam-se, fundiam-se numa ladainha absorvente de boca, boca despida de formalidades. Venha Ver... Oh menina!!!
Não fui, preferi sentir o sol quente a queimar a pele à medida que o andar fugia-me dos pés.
A 3 euros, a 3 euros, só hoje!
E amanhã, já não há pó nos pés, nem o cheiro a fumo no tecido, nem o ranho da criança que rebola nos estrados de madeira?
Amanhã vai continuar a haver os mesmos diálogos sem interlocutor, que se dissipam no meio da fruta por lavar e das azeitonas a boiarem nos baldes azuis.
Amanhã volto lá. Pode ser que me encontre.
6 de agosto de 2009
para ti - III
eu - sonha comigo... vá...
tu - não preciso de sonhar, ja aí estou...
Ou acreditas mesmo que o tempo e a distância são elementos com força suficiente para nos separar? O aqui e o agora não existem para quem tem moradas fixas no coração. Todos aqueles que sonham e se lembram com exactidão do que sonham, são viajantes do etéreo e do sobrenatural. Não me sentiste ontem na tua cama, a acariciar as curvas da tua anca, a beijar-te nas costas e no ombro?... Suspirei ao teu ouvido, mas sonhavas com outra coisa qualquer... sonha tu comigo... não acordes tanto...
eu - deita-te aqui debaixo e deixa-te ficar de olhos abertos. Sente o quentinho por baixo dos lençóis. Vê-me por baixo da lua a embalar canções de amor.
tu - não preciso de sonhar, ja aí estou...
Ou acreditas mesmo que o tempo e a distância são elementos com força suficiente para nos separar? O aqui e o agora não existem para quem tem moradas fixas no coração. Todos aqueles que sonham e se lembram com exactidão do que sonham, são viajantes do etéreo e do sobrenatural. Não me sentiste ontem na tua cama, a acariciar as curvas da tua anca, a beijar-te nas costas e no ombro?... Suspirei ao teu ouvido, mas sonhavas com outra coisa qualquer... sonha tu comigo... não acordes tanto...
eu - deita-te aqui debaixo e deixa-te ficar de olhos abertos. Sente o quentinho por baixo dos lençóis. Vê-me por baixo da lua a embalar canções de amor.
5 de agosto de 2009
para ti - II
tu - pois é...
Aguardei uma palavra por baixo da chuva enquanto nada mais acontecia senão cair... a chuva e eu.
Mas essa palavra tardou a surgir, ao contrário da chuva no céu.
Assim, molhado de roupa e seco de conversas, enviei uma espera, um aviso de demora, um ponto de referência, que te diz "Já aqui estou". Apaga a tua ausência, diz-me um sítio; que eu vou...
eu - aqui não chove...
O tempo dispersa e a luz aparece, ainda envergonhada por entre os sorrisos de quem vejo.
Sei que sabes que também tu sentes esses sorrisos, também tu sentes a luz que aquece a minha pele e me contorce a cada instante de prazer.
Sítio?... pertinho de ti, sempre.
Aguardei uma palavra por baixo da chuva enquanto nada mais acontecia senão cair... a chuva e eu.
Mas essa palavra tardou a surgir, ao contrário da chuva no céu.
Assim, molhado de roupa e seco de conversas, enviei uma espera, um aviso de demora, um ponto de referência, que te diz "Já aqui estou". Apaga a tua ausência, diz-me um sítio; que eu vou...
eu - aqui não chove...
O tempo dispersa e a luz aparece, ainda envergonhada por entre os sorrisos de quem vejo.
Sei que sabes que também tu sentes esses sorrisos, também tu sentes a luz que aquece a minha pele e me contorce a cada instante de prazer.
Sítio?... pertinho de ti, sempre.
4 de agosto de 2009
para ti
eu - hoje o sol confundiu-se com a minha vontade, aquecendo também a espera, a essência da ânsia. Coisas que se sentem quando, encostada a uma parede alta se fica à espera de alguém, e somos surpreendidos por um beijo no pescoço repenicado e guloso, daqueles que dá vontade de saborear. Os olhos agoram olham-se entre si e tudo parece firme e nosso, só nosso.
tu - aquilo que é nosso os olhos não vêm e envergonha o sol. Não fizeram ainda paredes suficientemente altas e ásperas para te separar dos meus beijos. Nossos beijos... quente e húmidos, presentes e ausentes...
eu - gostava de te beijar por baixo do sol, quando a água faz cócegas nos pés e o frio do arrepio percorre o tronco. Gostava. Confundir a minha mão com a areia quente e sentir os grãos entre os dedos, a envolvência da presença... à medida que o aperto se torna mais próximo... sempre.
tu - a pele quente e as gotículas de suor que escorrem preguiçosas até ao teu umbigo. Não deve haver pressas quendo se faz amor. É um acto divino...
tu - aquilo que é nosso os olhos não vêm e envergonha o sol. Não fizeram ainda paredes suficientemente altas e ásperas para te separar dos meus beijos. Nossos beijos... quente e húmidos, presentes e ausentes...
eu - gostava de te beijar por baixo do sol, quando a água faz cócegas nos pés e o frio do arrepio percorre o tronco. Gostava. Confundir a minha mão com a areia quente e sentir os grãos entre os dedos, a envolvência da presença... à medida que o aperto se torna mais próximo... sempre.
tu - a pele quente e as gotículas de suor que escorrem preguiçosas até ao teu umbigo. Não deve haver pressas quendo se faz amor. É um acto divino...
Requerer
Hoje recebi uma carta.
Vinha fechada e o papel não deixava perceber as letras.
Rasguei o topo, quase rasgando toda a carta. Não tive cuidado.
Lá dentro, vinham cheiros e perfumes de vontades, que há muito não cheirava.
A curva das letras mapeava os meus olhos de requerer para além da caneta, para além da tinta que tinha sido escrita.
Gosto de receber cartas, de mexer no papel, abrir e ler o que não me dizem ao ouvido, naquele diálogo perfeito de cada frase no texto.
Fico inebriada e volto a ler, mais uma vez.
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